Coluna por Evandro Veiga (Retratista)
Talvez você já tenha ouvido falar de Daguerre (Louis-Jacques-Mandé Daguerre, francês, 1787–1851) através de sua máquina que levou o nome do seu criador: Daguerreótipo.
Mas talvez (veja, talvez) você não tenha ouvido falar de Niépce (Joseph Nicéphore Niépce, francês, 1765–1833).
Pois bem.
Relatos históricos sobre as tais câmaras escuras (geralmente caixas escuras que recebiam imagens externas que se projetavam no seu interior, lado oposto ao orifício de onde vinha a projeção) datam da china ancestral e da Grécia antiga, mas estas projeções não podiam ser fixadas.
Na busca secular de obter essa permanência através do registro físico, muitos avançaram mas Niépce foi o primeiro a encostar na eternidade.
Primeira fotografia fixada da história – Fundos da casa de Joseph Niépce – 1826
Desde então, o mundo nunca mais foi o mesmo.
Registrar imagens e consequentemente tê-las para sempre, pavimentou um caminho sem volta.
Primeira imagem de um ser humano captada por Louis Daguerre (Pairs, 1938)
Acima: homem parado ao longo do Boulevard du Temple engraxando seus sapatos no canto esquerdo inferior da fotografia,
Jamais saberemos sua identidade.
Comemoramos o que exatamente?
Em janeiro de 1839, Louis Daguerre e Isidore Niépce (filho de Joseph Niépce) levam a invenção (daguerreótipo) para a Academia Francesa de Ciências que compra a patente imediatamente através da indicação inflamada de François Dominique Arago, secretário perpétuo da Academia Francesa de Ciências.
E finalmente, numa segunda-feira, 19 de Agosto do mesmo ano, o rei Louis Philippe de Bourbon disponibiliza a patente para a população como um “presente para a humanidade.” Foi um sucesso no mundo todo.
Isidore Niépce – filho de Joseph Niépce
Isidore Niépce e Lois Daguerre na Academia Francesa de Ciências/ Janeiro de 1839
A parti dali, qualquer um poderia ter ou fabricar seu daguerreótipo.
Desde então, comemora-se em 19 de agosto o dia internacional da fotografia.
A atitude do Bourbon foi muito comemorada e com essa popularização, rapidamente surgiram os profissionais que abriram o caminho para o que temos como ofício nos dias de hoje.
A malandragem não é de hoje
É relevante ressaltar que na apresentação dos inventos para a Academia, Daguerre propôs a Isidore uma alteração no nome da empresa de Niépce-Daguerre para “Empresa sob a marca registrada Daguerre e Isidore Niépce para explorar a descoberta inventada por Daguerre e o falecido Nicephore Niépce” deixando assim o nome de Niépce em segundo plano.
Daguerre aperfeiçoou o daguerreótipo e sugeriu a Isidore que fossem apresentados a heliografia, o fisautotipo e o Daguerreótipo sabendo que apenas o último teria vantagem comercial.
Vítima de um acidente vascular cerebral, Joseph Nicéphore Niépce deixou esse mundo no dia 5 de Julho de 1833 (seis anos antes da internacionalização de seu feito)
A cada clique em nossas câmeras, estamos perpetuando não só a realidade a nossa frente, mas o legado desse notável inventor. Todos que vivem da fotografia, direta ou indiretamente deveriam ao menos uma vez na vida, empunhar uma taça de vinho num final de tarde ao pôr-do-sol e fazer um brinde a esse cara…
Que Niépce, Daguerre, Philippe de Bourbon e tantos outros que facilitaram o caminho, estejam em paz na eternidade que ajudaram a assegurar por aqui.
A todos que “encostam na eternidade” a cada clique, que defendem sua vida e sua família com um “daguerreótipo contemporâneo”, desejo um Feliz dia internacional da Fotografia!
Porto Alegre, 19 de Agosto de 2024.
Evandro Veiga
Fotógrafo Retratista
Instagram: @evandroveiga
COLUNISTA/CEO LATITUDE
Site: retratomestre.com.br
