FABRICIO GARCIA

Ande na linha ou o Instagram pode te pegar!

Navegar pelos mares das redes sociais pode ser perigoso, pois as fortes e tumultuadas ondas das políticas de privacidade podem a qualquer momento virar a nossa embarcação. Eu mesmo como um experiente capitão com 22 anos de navegação, já tive meu navio afundando por mais de 15 vezes. Sim, isso mesmo! Mais de 15 contas deletadas.

O instagram sem dúvidas se tornou a plataforma mais poderosa para nós fotógrafos. É um oceano repleto de oportunidades para os artistas visuais, porém a empresa possui uma postura com linhas muito bem delineadas no solo virtual quando se trata de questões de nudez e conteúdo sensual.

As linhas começaram de forma tímida, onde bastava usar tarjas nas fotografias e se livrar de um possível banimento. À medida que o tempo foi passando essas linhas foram se tornando cada vez mais tênues e difíceis de se equilibrar sobre elas, um passinho pra lá ou pra cá, e pronto! O instagram te torna um vilão.

Porém, não tão vilão quanto os mamilos femininos.
A rede social que é voltada para imagens não permite a exibição de seios femininos sendo que o torso masculino pode ser exibido sem qualquer impedimento.

Afinal qual é a diferença entre o mamilo masculino e o feminino?
Se eu fotografar dois close-ups extremamente aproximados de mamilos, você sabe distinguir um do outro? Claro que sabe!

O feminino é o que está censurado, o masculino não.

A polêmica desta política do instagram é tanta que deu início a um movimento mundial chamado Free The Nipple, que também é uma hashtag e já foi adotada por muitas famosas. O movimento argumenta que deveria  ser culturalmente aceitável mostrar os mamilos femininos sem nenhum pudor, uma vez que os masculinos têm esse direito.

Em meio a tantos percalços, hoje eu posso dizer a vocês: O instagram e eu temos uma relacionamento abusivo, é isso! 

Ora a gente se ama, ora nos odiamos. Já chorei por causa dele, e também já agradeci a Deus por ele existir.

É preciso abordar a dualidade dessas políticas restritivas. Por um lado muitos fotógrafos e artistas vêem essa situação como uma censura à expressão e liberdade artística (o que não discordo), por outro lado há quem veja essa restrição como uma ferramenta catalisadora para a reinvenção e reinterpretação artística. O famoso fazer do limão uma limonada.

Ao invés de encarar as restrições como um obstáculo, pode-se vê-las como um desafio para explorar novos métodos de expressão para serem usados dentro desta plataforma. A censura, assim, pode se transformar em um instrumento que force os artistas a flertar com a sugestão e a insinuação, em vez de revelar tudo de uma vez.

Minhas fotografias dentro do instagram são conhecidas por não serem explícitas, e o “quase” virou uma marca de meu trabalho, uma assinatura visual. Em um de meus poemas costumo dizer que o “quase” é a tortura do incompleto, sempre querendo chegar lá, mas nunca chegando.

“Quase” apareceu.
“Quase” aquela alcinha caiu.
Para muitos isso é uma tortura.

Posso revelar em primeira mão aqui pra vocês que foi em meu relacionamento abusivo com o instagram que aprendi esse sadismo de torturar o espectador usando o elemento “quase”.

Mas, veja bem! Não limite sua arte em cima de regras e políticas pautadas por tais empresas, viu? Crie seu site e seu próprio universo dentro dele, lá será seu mundo, com suas próprias regras.

Mas se quiser navegar pelos mares do instagram, ande na linha, se não ele te pega!

Nos vemos na próxima coluna!

Fabricio Garcia
Fotógrafo – Ensaios Sensuais e Nu artístico
www.fabriciogarcia.com.br
COLUNISTA LATITUDE