COLUNA

Luciana Martins

A experiência da Criança: parte 1

Sendo fotógrafa de família, a grande parte dos meus clientes possui filhos pequenos. Crianças que normalmente vi crescerem. Ao longo de 10 anos, já vi bebê nascer (literalmente) e que hoje completam seus 8/9 anos. Qualquer profissional que vive uma jornada dessas se enche de orgulho e felicidade em olhar pra trás e lembrar da caminhada.

Sempre me dediquei em ser agradável com a família, mas muito mais com as suas crianças. Quando me envolvi com a fotografia infantil, percebi o quanto esse mercado estava “desatualizado” e estritamente comercial. Digo isso, através de experiências e relatos, que cada vez mais me ligavam as antenas sobre o assunto.

Fotografia: Luciana Martins

Diversos clientes que chegavam pela primeira vez traziam relatos de “traumas” fotográficos. Crianças de 1 ou 2 anos que não podiam ver uma câmera, por conta de experiências prévias desgastantes e não compatíveis com a idade. Promovendo confiança e criando conexões com as crianças, aos poucos fui virando o jogo e trazendo esses pequenos pro meu lado.
De que valem fotografias da infância que não trazem boas memórias para as crianças? Você vê valor nisso?

Não acredito na fotografia que gera desgaste, choro e brigas em família. Não quero que meus clientes olhem suas fotos e associem essas imagens aos desconfortos daquele dia.

As histórias precisam ser contadas com ternura e as lembranças acessadas na memória de cada um devem ser saudáveis.

Não acredito também naquela sessão que está sendo cronometrada e tudo tem que funcionar da forma que EU quero, porque o relógio está correndo. Por esse motivo, organizar tempos de sessão mais confortáveis podem ser primordiais ao sucesso da sessão. Criança não compreende o tempo da mesma forma que nós adultos. Ter essa percepção e saber lidar e conduzir as adversidades que podem surgir é essencial.

Forçar a criança a determinadas ações ou exigir que use figurinos e acessórios contra a sua vontade pode se tornar seu maior inimigo durante as fotos. Conforto acima de tudo e liberdade para que ela seja autêntica e demostre felicidade com o momento vivido.

Devemos nos posicionar e ter nossa organização, porém nesse processo entra a empatia, a capacidade de adaptação e jeitinhos/técnicas para fazer com que todos relaxem e se conectem ao que desejamos.

Estamos construindo memórias.
Como você quer ser lembrado pelas crianças?

 



Luciana Martins
Fotógrafa de família, lifestyle e documental
Santa Maria/RS
lucianamartinsfotografia.com
COLUNISTA LATITUDE

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