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COLUNA

Por que você faz o que você faz?

Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas à você pela aleatoriedade dessa coluna. Ela provavelmente vai ser um misto de ‘bronca’, mensagens inspiracionais, pensamentos aleatórios e, de vez enquanto, algumas histórias bem humoradas. Ou seja, um reflexo de quem eu sou.
Quem me acompanha nas redes sociais (mais precisamente no Instagram, @papo_fotografo), viu que nos primeiros dias de novembro, estive na região do Abruzzo, na Itália. E a minha viagem não foi a trabalho. Ou melhor, não fui trabalhar com fotografia.
Para quem não sabe, além de papai da Elena e da Sofia, fotógrafo e podcaster (ou produtor de conteúdo, como preferir), eu dedico parte do meu tempo a um trabalho voluntário junto à minha região de origem na Itália. Sou um dos conselheiros (embaixadores) brasileiros que fazem parte do CRAM (Conselho Regional dos Abruzzeses no Mundo). E como parte do “trabalho”, temos que desenvolver projetos que criem conexão e oportunidades entre a região Abruzzo e seus cidadãos (e descendentes) espalhados pelo mundo.
Legal, né?! Mas sei que você deve estar se perguntando:

“Tá, mas o que isso tem a ver com a fotografia?”

Tecnicamente, nada. Sentimentalmente, tudo.
Durante esse encontro que aconteceu algumas semanas atrás, convidaram todos os participantes a contarem um pouco da história das histórias de família. Quem era, quando decidiram sair do país, o motivo, como foi a chegada e a adaptação a uma nova realidade, e etc. E eu fui o primeiro a falar (só porque eu já estava sentado na mesa de apresentação).
Ao contar a história da minha família, como sempre, me emocionei. Nem tanto pela história em si, já que estou acostumado a contá-la em outras oportunidades, mas sim porque me dei conta que sou a última geração que teve contato direto com a história da minha família, pois eu tive a oportunidade de viver e conviver com a minha avó até os 19/20 anos. Seus relatos sobre a vida sofrida no campo e durante a guerra, fazem parte da minha infância e adolescência. E ao comentar que precisávamos encontrar uma maneira de fazer os jovens (no meu caso, minhas filhas) continuar essa conexão com a própria origem, percebi que talvez esse relacionamento sentimental que eu tenho, por mais que eu me esforce para mantê-la, não existirá mais. Ou existirá de uma outra maneira.

Conseguem encontrar algo em comum com a fotografia?

Eu sim! Para mim, existem dois pontos que podem ser facilmente relacionados à fotografia.
O primeiro (e mais óbvio), é a fotografia em si. O que é registrado hoje, vai ter diversas interpretações até o momento em que ela durar. Afinal, existe em uma imagem 3 interpretações diferentes: a de quem faz a fotografia, a de quem é fotografado e a de quem irá ver a imagem. E por mais que no início seja possível “contar a história” daquela foto, com o passar os anos (até mesmo séculos), o que restará será apenas a interpretação de quem a vê. Ou seja, a minha história com a minha avó acabará comigo, o que restará serão as histórias que a minha filha e as próximas gerações irão contar quando se lembrarem dos seu antepassados.
E o segundo (e menos óbvio), é sobre o motivo pelo qual eu faço o que faço. Quando me perguntam porque faço esse trabalho como voluntário, respondo sempre que é por causa das viagens gratuitas (em tom de brincadeira, é claro!), e completo dizendo que o principal motivo é para poder homenagear e retribuir todo o esforço e sacrifício que meus avós fizeram para dar uma vida melhor para a minha família. E a fotografia, para mim, é muito parecida.
Não gosto de romantizar (muito) a fotografia enquanto profissão. Acredito que ela seja igual a tantas outras, com seus lados positivos e também negativos. Com seus bônus, mas também ônus.

Eu entrei na fotografia por acaso. Nunca sonhei ou quis ser fotógrafo, mas a vida se encarregou de colocá-la no meu caminho, e graças a ela pude e posso realizar coisas que, talvez, eu não conseguisse em outra profissão. Para mim a fotografia não é o fim, ela é apenas o meio.

Uma ferramenta que me proporciona fazer aquilo que eu mais gosto e (acho) que sei fazer, me conectar com pessoas, conhecer e fazer parte de suas histórias. Ela é meu sustento (financeiro), mas posso trocá-la por qualquer outra coisa como profissão, sem esitar, afinal meu objetivo principal é dar conforto à minha família, mas a fotografia nunca deixará de ser uma das minhas ferramentas para estar conectado com outras pessoas e suas histórias.
E você? Por que você faz o que você faz?

Rafael Petrocco
Fotógrafo e Podcaster
www.rafapetrocco.com.br
COLUNISTA LATITUDE
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