Por Equipe Latitude
Carreira Atômica
Na viela estreita do Jardim Regina, em São Bernardo do Campo, num barraco de madeira que mais tarde seus pais ergueriam paredes de tijolo, Vinicius foi substituindo fragilidade por esperança de algo substancialmente mais sólido.

Acervo pessoal – Vinicius Ricardo
Mas o que ninguém ali podia imaginar era que, pouco tempo depois, aquele menino criaria uma marca promissora da fotografia esportiva: a ATOM Fotografia.
De 2011 a 2012 trabalhou como “Jovem Cidadão” (program para primeiro emprego do Governo Federal) na Volkswagen e da GM e posteriormente como prestador de serviço (Técnico de segurança).
Vinicius jamais imaginou que sua vida daria uma guinada tão radical.
Na pandemia, os passeios de bicicleta pela Estrada Velha de Santos se tornaram uma espécie de fuga. A câmera, comprada para a esposa e esquecida num canto, virou sua companhia. Em janeiro de 2021, resolveu explorar de vez a fotografia.
Em março, vendeu suas primeiras imagens por R$60 — valor simbólico, mas que selou o início de uma nova jornada.
A reviravolta veio em julho do mesmo ano, com o retorno do futsal.
Uma colega o convidou para cobrir partidas da modalidade, e ele descobriu ali um nicho. O convite para fotografar o Atlântico Erechim contra o Corinthians pela Liga Nacional de Futsal — o maior campeonato do país — não foi apenas um trabalho: foi um divisor de águas. Suas imagens ganharam visibilidade nas redes da própria Liga, impulsionando sua reputação.
Em fevereiro de 2022, foi dispensado do emprego e decidiu apostar todas as fichas na fotografia. Com a indenização, investiu pesado em equipamento e estrutura.
E mais: trouxe a família para perto, formando uma equipe dedicada e profissional. Em pouco tempo, estava colhendo os frutos. Em setembro de 2023, a ATOM bateu a impressionante marca de R$75 mil/mês de faturamento — um marco que consagrou o projeto.
Milhão
Hoje a empresa já ultrapassou a marca de 1.5 milhão de reais em vendas e com o planejamento de expansão, os números podem aumentar exponencialmente no próximo semestre de 2025.
Este modelo de negócio é sem dúvidas o mais rentável do país no que diz respeito a fotografia.
Com a ajuda das plataformas de venda de fofos/vídeos, os ganhos são rápidos, o que justifica o investimento em equipamentos mais robustos como câmeras mais rápidas e resistentes as intempéries e lentes claras e de longo alcance.
ATOM: O Campeão do Povo
Mas a construção da marca foi pensada desde o início. Vinicius queria um nome simples, fácil de lembrar, e que não carregasse seu nome pessoal, pois sonhava que a empresa pudesse crescer com outros fotógrafos integrando o time. Foi então que se lembrou de Gigantes de Aço, filme que assistia com frequência. Atom, o robô protagonista, era chamado de “o campeão do povo”.
Filme: Gigantes de Aço (Robô Atom)
Vinicius se viu ali. O nome estava decidido. Surgia a ATOM, com alma de superação e coração coletivo.
Hoje, a estrutura da empresa vai além das lentes. Conta com estúdio próprio, sala de reuniões, espaço para podcast, coworking e uma rede de fotógrafos parceiros.
“Ainda não se paga totalmente, mas facilita tudo. Centraliza os equipamentos e dá cara de empresa, não só de fotógrafo”, conta.
Uniforme
Todos os integrantes da ATOM vestem a camisa — literalmente. Isso cria autoridade imediata nas quadras e campos, gerando identificação e respeito por parte dos atletas e torcedores.

Acervo pessoal – Vinicius Ricardo e sua esposa Stephany Pires
Sua esposa Stephany Pires está desde o começo da jornada da ATOM Fotografia.
No início quando ainda não utilizavam plataformas de vendas, ela ajudava a finalizar as fotografias com computadores lentos. Foi um começo difícil mas a união do casal superou e venceu todas as etapas.
A média mensal de faturamento gira em torno de R$ 60 mil, fora os trabalhos avulsos. Vinicius, no entanto, sabe que nem tudo são flores. Já enfrentou desafios com repasses, aprendizados fiscais e a necessidade de separar finanças pessoais da empresa.
“No começo eu pagava um cachê equivalente 50% do total das vendas mais 50% do transporte para os fotógrafos.
Hoje é 40%, e ainda continuo bancando os equipamentos. Foi tudo na raça. A escola não te ensina a empreender isso, muito menos na quebrada.”
Com pouco mais de quatro anos de existência, a ATOM já levou Vinicius para além das fronteiras. Conheceu Londres, Paris, Finlância, Estados Unidos, Suíça e Suécia — experiências que ele nunca teria sonhado enquanto pedalava nas ladeiras da periferia. Foi também convidado a palestrar no Photo in Rio, um dos principais eventos de fotografia do país.
Vinicius não esconde a vontade de expandir a marca para fora do Brasil e mostrar que, com coragem, estratégia e identidade, é possível transformar um hobby em negócio — e um barraco de madeira numa história que inspira uma geração inteira.

Acrevo pessoal: Vinicius Ricardo
A Atom Fotografia trabalha com a plataforma Banlek.
A profissão que mais cresce no país do futebol e do samba, já possui seus desbravadores.
E eles são muitos.
REDAÇÃO LATITUDE
