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CARREIRA

Um mercado Etarista

Por Cristiano Berny | Porto Alegre/RS
Nos últimos anos observei mercados e postos de trabalho nos quais pude constatar que há uma pré-definição sobre um determinado período de tempo em que as pessoas são consideradas “úteis” para esse mercado. 
No mercado da moda, na grande maioria dos casos, existe uma faixa etária específica para os modelos. Após essa idade, torna-se mais difícil encontrar oportunidades. Existem outros mercados em que essa definição não está relacionada apenas à aparência, mas também ao desempenho, características físicas, entre outros. 
No caso do esporte, isso também acontece. Os atletas costumam ter uma faixa etária na qual são considerados ideais para determinada função, e após certa idade, fica naturalmente mais difícil alcançar o desempenho esperado nas competições. Isso também ocorre com jogadores de futebol, atletas olímpicos e muitos outros. Em alguns casos, pode até ocorrer de forma discriminatória, levando em consideração a aparência ou a idade.
Notei que essa diferenciação também ocorre no mercado fotográfico em determinados momentos. Por exemplo, já observei profissionais que fotografam eventos infantis enfrentando dificuldades quando atingem certa idade. Mesmo com menos de 30 anos, eles começam a sentir dificuldades em se agachar repetidamente para ficar na altura das crianças e acompanhar o ritmo exigido pelo evento. 
 
Além disso, em outros tipos de eventos, podemos passar até oito ou dez horas em pé, carregando equipamentos pesados. Nessas situações, os contratantes podem levar em consideração a aparência, condição física ou até mesmo o próprio profissional pode começar a sentir limitações conforme a idade avança, dependendo do tipo de trabalho realizado.
 

Estratégia

Vamos refletir sobre como o fotógrafo pode lidar com essa realidade e evitar chegar a um ponto em que precise abandonar a profissão. É importante analisar todas as circunstâncias e fazer o possível para contornar essas dificuldades. Uma forma de evitar esse desfecho é ter uma empresa estruturada, com sucesso e uma equipe. 
Existem casos de profissionais que já não atuam diretamente, mas possuem uma equipe e uma empresa bem estabelecida. Embora não sejam mais ativos como fotógrafos, eles conseguem gerenciar o negócio, mesmo quando atingem uma idade mais avançada.
 
Algumas pessoas escolhem a profissão de fotógrafo conscientemente, enquanto outras acabam encontrando oportunidades ao longo do caminho e se inserem nesse meio. De qualquer forma, é natural que adultos em determinado momento de suas vidas pensem sobre o que estão fazendo e considerem o futuro, especialmente em termos profissionais.
 
A fotografia social é uma profissão nobre, pois registra os momentos mais importantes na vida das pessoas, colaborando para que essas memórias fiquem o mais belas possível. Se alguém decidir exercer essa profissão até o final da carreira e se aposentar nessa área, não há nada de errado, pois é uma escolha louvável. 
No entanto, como mencionei anteriormente, pode haver dificuldades devido à discriminação por parte dos contratantes ou às condições físicas do profissional, o que pode dificultar a continuidade da carreira até a aposentadoria. É importante pensar sobre o que fazer a respeito disso.
Na minha opinião, existem algumas alternativas para os fotógrafos que desejam continuar nesse ramo ou em algo relacionado à fotografia mesmo antes de se aposentarem, mas sem fotografar. Uma opção é direcionar o trabalho para atividades ou negócios relacionados à fotografia que não exijam que a pessoa esteja exercendo a função diretamente. 
 
Ao longo da carreira, é natural que o fotógrafo perceba que precisa se tornar um empreendedor e não apenas um profissional autônomo. Um empreendimento relacionado à fotografia requer diversos setores como: marketing, atendimento, vendas, tarefas administrativas, contáveis e talvez jurídicas, além das atividades principais de fotografia e edição.
No início, uma única pessoa pode desempenhar várias funções, mas, à medida que a carreira avança, é comum contar com pelo menos um(a) assistente de luz, depois um segundo(a) fotógrafo(a), e, aos poucos, expandir a equipe do negócio.
Então, observei algumas alternativas entre meus colegas profissionais. Muitos deles, aos poucos, formaram uma equipe e se tornaram uma espécie de produtora ou estúdio. Eles montaram uma equipe em que, em alguns eventos, enviavam seus colaboradores. 
Havia até um orçamento separado, em que o valor para o serviço pessoal do profissional era diferente do valor para a equipe de confiança. Essa é uma variação do negócio em que eles continuam sendo os donos, trabalhando no ramo da fotografia, mas contam com uma equipe que realiza outros serviços. 
Dessa forma, o profissional não está exercendo diretamente a função principal, mas, com o avanço da idade, poderia gerenciar isso tranquilamente, se assim desejar.

Existem colegas que optaram pela construção e aluguel de cabines fotográficas ou de impressoras para impressão na hora do evento. Alguns profissionais se identificaram bastante com a edição, e se tornaram editores profissionais para outros fotógrafos, produtoras ou empresas. Outros se tornaram diagramadores de álbuns e revistas. Tem aqueles que optam também pela área do ensino, se tornam professores ou palestrantes, para ensinarem os novos fotógrafos e transmitirem a experiência adquirida em anos ou décadas de atuação na área.
Há também aqueles que atuam como consultores ou migraram para o ramo do vídeo. Alguns deixaram de fazer eventos e montaram seus próprios estúdios, mantendo uma rotina mais leve de trabalho fixo em um mesmo local, evitando assim o deslocamento para os diversos endereços de diferentes eventos ou ensaios externos.
Portanto, existem diversas variações dentro dessa profissão, e ao longo do tempo muitas pessoas encontraram a função mais adequada que se identificam e adaptaram sua rotina em prol da profissão da fotografia.
Há pessoas que amam fotografia, mas é um fato real e natural que o nosso corpo dificilmente aguentará o ritmo intenso de trabalho fotográfico, especialmente em eventos sociais. Acredito que a maioria dos profissionais concorde que nosso corpo não conseguirá atender a esse tipo de evento até o final da carreira, até a aposentadoria.
É urgente pensar em alternativas se a pessoa não deseja migrar gradualmente para um negócio paralelo ou começar a modificar um pouco o formato de seu trabalho. 
Outra alternativa fundamental para quem busca a longevidade na profissão da fotografia é buscar ter uma vida mais saudável, controlando a alimentação e praticando exercícios físicos (diariamente se possível), para que, à medida que envelhecemos, possamos continuar atendendo a esses compromissos.
Lembrando que, mesmo que suas condições permitam, existe um fator discriminatório conhecido como etarismo, em que as pessoas podem começar a desconsiderar um profissional devido à sua idade avançada. Embora estejamos vivendo em um momento em que todos os tipos de preconceito estão sendo cada vez mais combatidos e, em certa medida, diminuindo, é fato que essa forma de discriminação ainda ocorre. 
Não há garantias de que, no futuro, quando os profissionais estiverem mais velhos, alguma limitação física comprometa seu desempenho e, consequentemente, seus negócios, a menos que comecem agora, e de forma consciente, a pensar em possíveis alternativas de variações do seu negócio fotográfico, e em priorizar sua saúde física e mental.
Espero ter contribuído para essa reflexão que por experiência e contato direto com profissionais, na minha opinião é definitiva para o sucesso na carreria.
Cristiano Berny 
1 Comment

1 Comment

  1. Luciana Martins

    19/10/2023 at 20:57

    Assunto muito necessário. Obrigada!

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